O Palhaço Lorde
Tenho uma amiga que está no ramo circense há muitos anos. Já namorou palhaços de todas as estirpes. Recentemente, terminou um namoro de um ano e alguns meses com um palhacinho viciado em pôquer. Um dia, ela estava na balada, linda, leve, radiante, a fim de apenas curtir a vida, de preferência sozinha. Eis que, como quem ressurge das cinzas, aparece em sua frente um palhacinho já conhecido, que ela já pegou na antiguidade.
Mal ele o bruto avistou a moça, iniciou a investida. Como não tava fazendo nada mesmo e já estava com o teor alcoólico no sangue "um pouco" elevado, a dona de circo resolveu beijá-lo. No entanto, deixou claro que seria apenas isso: não iria para a cama com ele de cara. O palhacinho fez o número do moço respeitador, disse que a admirava por isso, e no fim da noite, já queria namorar. Obviamente, ela não aceitou.
Mas como bom senso é luxo para poucos, como um carrapato, o Palhaço Lorde grudou. Na segunda à tarde, ela chegou em casa e encontrou um buquê de rosas vermelhas, maravilhoso, com um cartão elegante. Encantador, é verdade. Ela ligou, agradeceu pelo buquê, mas reiterou que não queria compromisso.
Mesmo assim, o catiço continuou sua perseguição. Eram jantares românticos, encontros frequentes, ligações, mensagens de texto no celular e todos os artefatos que um artista circense utiliza para pagar de galã. Tudo com muita, MUITA insistência. Após algumas semanas, ela resolveu quebrar sua tradição de não transar com ficantes e conferir se ele era tão bom de cama quanto parecia.
O negócio é que, apesar de ter gostado da performance sexual do palhacinho, ela não queria namorar. Mas o caboclo continuava insistindo exaustivamente. Até que ela cansou e resolveu romper o semi-rolo. No dia seguinte ao "desenlace", o bruto surtou, quebrou o carro, deu um piti fenomenal na frente de toda a família, foi parar no hospital. Em suma, ataquezinho de rapaz mimado que não aceita ouvir um "não".
Então, num outro momento de insanidade, talvez — ou mais provavelmente num ato de assumir o nariz vermelho — ele passou a disparar uma série de insultos contra ela. Do tipo: "você não sabe o que é ter uma vida igual à minha, ser formado na melhor universidade do país, falar fluentemente tal e tal idiomas, ter mil cursos, a cobrança, a pressão", e todo o blábláblá de filhinho de papai que se acha muito importante. Ainda acrescentou que ela só assistia a filmes fúteis e ficava levando a "vidinha" dela, com o "empreguinho" dela, e que era burra... Enfim... de todas as maneiras o artista circense tentava humilhá-la, ressaltando o quanto ele era culto, inteligente, um verdadeiro lorde.
Depois, pediu desculpas. Ainda chegou a escrever que não era "mal" e que não devia ter "disperdiçado" a chance que teve com ela... Para quem adora ler livros em inglês, o português está bem fraquinho, né?!
Leitora M.G.
Tenho uma amiga que está no ramo circense há muitos anos. Já namorou palhaços de todas as estirpes. Recentemente, terminou um namoro de um ano e alguns meses com um palhacinho viciado em pôquer. Um dia, ela estava na balada, linda, leve, radiante, a fim de apenas curtir a vida, de preferência sozinha. Eis que, como quem ressurge das cinzas, aparece em sua frente um palhacinho já conhecido, que ela já pegou na antiguidade.
Mal ele o bruto avistou a moça, iniciou a investida. Como não tava fazendo nada mesmo e já estava com o teor alcoólico no sangue "um pouco" elevado, a dona de circo resolveu beijá-lo. No entanto, deixou claro que seria apenas isso: não iria para a cama com ele de cara. O palhacinho fez o número do moço respeitador, disse que a admirava por isso, e no fim da noite, já queria namorar. Obviamente, ela não aceitou.
Mas como bom senso é luxo para poucos, como um carrapato, o Palhaço Lorde grudou. Na segunda à tarde, ela chegou em casa e encontrou um buquê de rosas vermelhas, maravilhoso, com um cartão elegante. Encantador, é verdade. Ela ligou, agradeceu pelo buquê, mas reiterou que não queria compromisso.
Mesmo assim, o catiço continuou sua perseguição. Eram jantares românticos, encontros frequentes, ligações, mensagens de texto no celular e todos os artefatos que um artista circense utiliza para pagar de galã. Tudo com muita, MUITA insistência. Após algumas semanas, ela resolveu quebrar sua tradição de não transar com ficantes e conferir se ele era tão bom de cama quanto parecia.
O negócio é que, apesar de ter gostado da performance sexual do palhacinho, ela não queria namorar. Mas o caboclo continuava insistindo exaustivamente. Até que ela cansou e resolveu romper o semi-rolo. No dia seguinte ao "desenlace", o bruto surtou, quebrou o carro, deu um piti fenomenal na frente de toda a família, foi parar no hospital. Em suma, ataquezinho de rapaz mimado que não aceita ouvir um "não".
Então, num outro momento de insanidade, talvez — ou mais provavelmente num ato de assumir o nariz vermelho — ele passou a disparar uma série de insultos contra ela. Do tipo: "você não sabe o que é ter uma vida igual à minha, ser formado na melhor universidade do país, falar fluentemente tal e tal idiomas, ter mil cursos, a cobrança, a pressão", e todo o blábláblá de filhinho de papai que se acha muito importante. Ainda acrescentou que ela só assistia a filmes fúteis e ficava levando a "vidinha" dela, com o "empreguinho" dela, e que era burra... Enfim... de todas as maneiras o artista circense tentava humilhá-la, ressaltando o quanto ele era culto, inteligente, um verdadeiro lorde.
Depois, pediu desculpas. Ainda chegou a escrever que não era "mal" e que não devia ter "disperdiçado" a chance que teve com ela... Para quem adora ler livros em inglês, o português está bem fraquinho, né?!
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