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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Eu, leitora e empresária circense

Sou jornalista e moro em BH. Uma prima queridíssima, que também é jornalista e mora no Rio, me apresentou o HTP há algum tempo. Amei e espalhei por aqui: já teve amiga minha com palhaçada publicada e amigo em longas auto-análises pós-leitura. Aliás, vejo boas chances de ele se tornar um palhacinho adorável e deixar de ser babaca depois dessa experiência!

Pois chegou a minha vez! Levei toco e consegui até achar graça de uma pisada de bola (como a Ana escreveu, bem a propósito, no último post). Ainda estou me refazendo, também não sou de ferro, mas é justamente pra não levar a vida muito a sério que resolvi contar a historinha. Logo no início da indignação, pensei: "inacreditável, preciso mandar isso pro HTP!".

L.R.

*****

Há oito anos, eu tinha 20 e conheci um palhacinho dez anos mais velho, inteligente, divertido, saradinho e dono de irresistíveis cabelos grisalhos. Quer dizer, quase irresistíveis... porque eu, embora deveras lisonjeada, resisti às abordagens dele. Eu tinha namorado.

Eis que o tempo passa e o reencontro acontece. O sujeito, aos 38, continua interessante... e interessado. Livre, leve e solto, caindo no samba dias depois de terminar um namoro. Eu, desta vez desimpedida, observo quando ele coloca o nariz vermelho. Sim, respeitável público, pouco depois do primeiro beijo! Meu sexto sentido bem que me avisou, mas a cerveja tava boa, a música melhor ainda e, afinal, eu tava ali pra me divertir... em vez de fugir gritando, apenas gargalhei quando ele soltou: "quer namorar comigo?". Seria vontade acumulada ao longo dos anos?

Ensaiando o número principal, ele insistiu no namoro. Eu, que acho estranho sair de um relacionamento e entrar em outro assim tão rápido, não dava o menor crédito. Mas ele fazia bem o papel do cara que conquista, sabe? Tomava a iniciativa, era cavalheiro do tipo que busca em casa e paga a conta, papo bom, diversão garantida, química cada vez melhor... meses. Dois meses de encontros constantes, durante a semana, no fim de semana, manhã/tarde/noite, a toda hora, em todo lugar.

Passei a me convencer: você, que já se irritou tanto com moleques, agora está com um homem que sabe o que quer. A vida é assim na maturidade, as pessoas sabem o que querem e curtem a vida, pronto. Deixa de ser boba e vai curtir também.
Ok, estamos namorando, êêêê, que bonito! Conheci amigos de infância, família, gato, cachorro, papagaio. Ele fez questão de freqüentar minha casa, pros meus pais, com quem moro, saberem quem era o cara com quem eu dormia fora. Começou a falar que ia ser legal a gente morar junto. Entrei na brincadeira e dei até sugestões de lugares. Ele passou a falar que queria ter uma família logo, filhos etc e tal, achava que eu seria uma ótima mãe. De novo, achei estranho... não são as mulheres que se preocupam com o tal relógio biológico? Hoje, sei que ele viu em mim uma mãe, sim... mãe de palhaço! Muito prazer, sou a dona palhaça!

Pois não é que, de repente (juro, foi de repente!), o mané fica esquisito? Passei dias entre angustiada e puta da vida, tentando fazer o sujeito desembuchar... luzes no picadeiro!

Palhacinho revela que foi procurado pela ex e ficou balançado. Contou que tinha planos com ela (não diga...), que ela ficou louca quando soube que ele tava comigo, teve medo de perdê-lo e fez mil propostas, jurou amor eterno. Pude ouvir o tic tac do relógio biológico dele.

A cereja do bolo veio em seguida: tirou o nariz, lustrou a cara de pau e me propôs continuar o namoro! Senhoras e senhores, um espetáculo digno de aplausos! "Lindinha, vamos continuar juntos enquanto eu decido". Leilão?! Tô fora. Mandei passear. E ainda ouvi que sou fria, insensível, não fiquei ao lado dele quando ele mais precisava. Hã?

Palhaço-leilão ainda não desistiu de me procurar. Liga todo dia, manda e-mails, mensagens, fala que morre de saudade... mas nada de saber, afinal, o que quer. Faz aniversário nesta semana. 39 anos. Desse jeito, o reloginho vai explodir e o palhacinho vai voar pelos ares.

É isso, meninas!

Claro que ainda tô chateada, acabei me envolvendo com o pulha, mas vida que segue, né? Que surjam mais palhaços pra encher o livro de histórias... o próximo, por favor.

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