Eu, Leitora
A leitora L.R., de BH, já é quase uma correspondente mineira. Depois do palhaço-leilão, ou palhaço-grisalho, publicada em junho, ela nos conta que passou por outra que provocou aquele sentimento: "essa merece ir pro HTP!". Segundo a moça, trata-se de uma clara demonstração do quanto é injusto a palavra "fofoca" ter gênero feminino.
Vamos ao espetáculo do Palhaço Pentelho ou Palhaço Dona Fifi
Trabalhei em certa empresa, no interior mineiro. Meu chefe era P. Digamos que era P de Pentelho – e de Palhaço, claro. Era um sujeito inseguro e muito arrogante (combinação previsível). Pentelho menosprezou minha escolha quando aceitei um convite da matriz da empresa, localizada na capital - minha cidade. Foi, aliás, na matriz que fiz estágio e consegui a vaga no interior após a formatura. Quando percebeu meu destaque na nova função, Pentelho passou a alardear que eu havia saído da unidade "dele", um nato descobridor de talentos! Eu, que tinha contato mínimo com a figura, passei a evitar ainda mais.
Já de volta a BH, namorei o Palhaço Fulano, colega de profissão que trabalhava naquela mesma empresa, no interior mineiro, e aqui é apenas coadjuvante do espetáculo. Fulano tinha pelo chefe Pentelho verdadeira ojeriza, tanto que se mandou dali rapidinho. 1 ano e 9 meses depois de terminar o namoro, eu mal tinha notícias de Fulano. Sabia um ou outro passo da vida profissional, mas nada da vida pessoal dele. Até que Pentelho resolveu fazer grande aparição, travestido de "Dona Fifi" (Explico: ao menos em Minas, chamamos de "Dona Fifi" toda pessoa fofoqueira, que vigia da janela a vida dos outros e dá notícias de tudo).
Por uma amiga desesperada, fiz contato com Dona Fifi, que até então era apenas Pentelho. Essa amiga começaria a trabalhar na tal empresa, aquela mesma, no interior mineiro, assim que voltasse de uma viagem à Europa. O telefone não funcionava e, ao me encontrar online no gmail, mandou: "liga pro Pentelho, pelamordedeus, preciso saber se está tudo certo, porque se não estiver fico por aqui mais uns dias". Respondi: "Você não tem o MSN dele? Entra lá, quem sabe você encontra a figura". Até hoje não sei se ela foi sincera ou esperta: "esse computador aqui não tem MSN! E o cara é chato pra caramba, vive bloqueado na minha lista!". Sei, sei... fiz o interurbano de casa, minha gente! Em dia de folga!
- Oi, Pentelho, tudo bem? Aqui é L.
- L.! E então, como está BH? Já implantaram, afinal, o novo sistema tecnológico xyzw?
- Tudo bem, Pentelho, obrigada. Os equipamentos serão instalados na semana que vem.
- Ah, então finalmente vocês vão alcançar o nosso nível de aprimoramento tecnológico?
- ...
- Nós já usamos o novo sistema tecnológico xyzw desde o ano passado.
- Que ótimo. Pentelho, veja bem, minha amiga desesperada precisa confirmar umas coisas. Ela chega ao Brasil na próxima segunda. Tudo certo?
- Tudo confirmado, L. Ela vai ao RH, depois segue pro treinamento.
- Que bom, Pentelho. Obrigada, tch...
- L., o Fulano é pai!!!
(Atordoada, enquanto respondia pausadamente, fiz as contas... se Fulano, meu ex, é pai, fez o bebê há pelo menos nove meses... há dez meses, ele esteve em BH tentando reatar o namoro comigo...)
- É mesmo?! Nossa, que bom pra ele. Adora criança, sempre quis ser pai.
- Pois é, L.! Foi a Sicrana quem me contou.
- Ah...
Em tom de extrema preocupação, dona Fifi solta nova pérola:
- Mas, L.... você e o Fulano não estão mais juntos, né????
Tive que rir, minha gente! Com bom humor, respondi que não e desliguei o telefone. Só depois, explodi de raiva! Fiquei chocada com a notícia, sim, mas concluí que o absurdo maior foi a indelicadeza de Dona Fifi! Será que ele imaginou que estava me dando a notícia de que meu namorado engravidou alguém? O imaginário popular mineiro devia criar um personagem masculino para fazer companhia à figura de Dona Fifi nas janelas da vida: o Palhaço Pentelho!
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