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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Rodada dupla do Clássico Palhaço IBGE

Essa foi enviada por amiga-leitora-blogueira que avisou já ter publicado em seu próprio picadeiro, mas achava que valia ser compartilhada com mais gente. Realmente o rapaz é exemplo de obstinado palhaço IBGE. Tanto que me fez lembrar uma semelhante vivida por mim lá pelos idos lá pelos idos anos 80. Sim, já atuo no mercado empresarial circense circo há moitos anos (comprovando que homem sempre foi tudo palhaço).

Euzinha jovenzinha, adolescente dura, tava de madrugada sentada no meio-fio esperando um ônibus depois de um show no Maracanãzinho com mais duas cálegas. Tá certo que eu era jovem e cheia de energia, a qual eu já tinha gasto pulando no show que, se não me falha a memória, tinha sido de três bandas de rock brasil, sendo uma delas o Kid Abelha. O que importa é que àquela hora eu queria era um 434 pra ir casa tomar banhinho, comer o que tivesse sobrado na cozinha e ir dormir. Eis que um jovem palhacinho veio tentar fazer amizade. Eu já não tava muito a fim e ele tinha cara de chato, além de ser gorducho. Moça educada que sempre fui, desde a adolesncência, ciente de que a vida de jovens gorduchos não é fácil, dei semi-trela. Tipo, não custa falar meia dúzia de abobrinhas com esse gorducho até chegar o buzum, de repente até o tempo passa mais rápido conversando. Humpf. Não se pode dar confiança pra palhaço, eis que em plena madrugada, na presença de muitos outros jovens amigos, vizinhos ou quase, o bruto me solta a pérola "qual o seu currículo literário?". Cumêquié? Currículo literário na saída de um show de rock brasileiro, lá pelas tantas da madrugada, pra uma menina sentada no meio-fio de all star, cara borrada e cansada, toda suja? Fala sério, meu amigo. Fala muito sério! Naquela época eu era um pouco menos desbocada, mas currículo literário de cu é rola, meu amigo. Lembro que apesar de ler praticamente um livro por dia (ainda não existia internet) olhei pra ele com cara de nojo, levantei e fui sentar mais perto da minha amiga.

- Ele me perguntou qual o meu currículo literário.
- Ele é idiota?

Pois é. Devia ser idiota sim. Aliás, a máxima "ele é um idiota" explica quase tudo, quando não nos conformamos com "homem é tudo palhaço". Mas vamos ao espetáculo da Biessa, que hoje a função é dupla.

Daí que eu fui sem companhia numa festa de formatura e me lembrei como é ver as pessoas chegando em você nesses eventos de muito álcool e pegação diretamente proporcional.

Estou eu no bar suplicando pela minha quinta dose de tequila quando começo a 'fazer amizade' com uns mancebos que estavam sempre por ali no bar - afinal, amizade de bêbado só começa com cachaça. Um deles começou a fazer o típico questionário IBGE; aquele básico de sempre: onde mora, quantos anos tem, o que faz da vida, estudou aonde, gosta mais de caipivodka ou caipirinha...

Mas o que eu não esperava é que o rapaz fosse realmente fundo na pesquisa demográfica. O moçoilo quis saber em que faixa de renda eu me encontro. Exatamente, caros leitores: ele perguntou o quanto eu ganhava! E quando eu fiquei chocada com a pergunta ele ainda achou que eu estava sendo boba.

Fugi, correndo mais que maratonista queniano, antes que ele perguntasse coisas piores, como quando eu perdi a virgindade ou pra que partido eu voto.

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