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domingo, 28 de dezembro de 2008

Palhaços na pista

Sábado fomos dançar em certo famoso cafofo sórdido do bairro de Botafogo. As Donas de Circo A.P. e F.K. completavam a trupe de empresárias em busca de novos talentos. Pista cheia, mais de mil palhaços no salão, muitos jovens artistas circenses formosos e ansiosos por uma oportunidade para mostrar suas habilidades. A noite parecia promissoda.

Estamos lá, lindas, loiras e japonesas, animadas e sorridentes na pista 1, quando um palhaço alto e bem fornido começa a fazer a corte para companheira F.K. A moça, de receptiva, de repente fecha a cara e nos avisa "vou ao banheiro". Curiosa, fui junto. 

- Porra, o cara chegou pra mim e disse "Você é uma boneca". Porra, boneca? Era melhor ter ficado calado!
- Ele até que era bonito,  era melhor ele ter rido pra vc, se vc risse de volta era só chegar chegando...
- Claro, se chegasse chegando na pressão era melhor, eu aqui doida pra dar um beijo na boca e esse idiota me chama de boneca? 

Como disse outra Dona de Circo, ao ouvir o relato, ele veio direto da década de 50 pra pista, né? Como eu sempre digo, conversar no meio da pista também não dá, afinal vc não ouve nada mesmo. O negócio é tentar contato visual: rolou olho no olho e receptividade? Parte pra um sorriso, se a moça sorrir de volta é só chegar junto. Palhacinhos, chamar de "boneca" nem pensar...

Mas a noite estava só começando. Resolvemos subir pra ver se nossa sorte melhorava. Um anão de gel no cabelo e camisa de gola "v" nos seguiu. Aliás, nos perseguiu. Vamos respeitar a perseverança do anão. Onde íamos tava ele lançando olhares lânguidos e tentando nos encoxar. Filme de terror. 

Um outro moço, muito bem apessoado, apesar de meio esquisitão de jaqueta naquele calor, ficou ciscando ao nosso redor. Sorri convidativa e fui dançar mais perto. Talvez biruta, talvez autista, quem sabe meramente bizarrinho, o rapaz continuou sorrindo, mas não fez contato. De repente, fez que ia dizer alguma coisa, mas meneou a cabeça e saiu. Como sempre digo, o mundo é estranho. Resolvemos descer de novo.

Pit stop no bar. F.K., na luta por uma lata de cerveja observou que um rapaz pediu uma pina colada e outro um jegue louco, seja lá o que for isso. 

- Puta-que-pariu, por isso que a gente não pega ninguém. Que lugar é esse onde os homens bebem drinks com nomes como pina colada ou jegue louco?
- Pois é, no meu tempo, supostos heterossexuais bebiam cerveja ou uísque....

Voltamos pra pista. Dançamos um pouco, rimos, brincamos, biscateamos, mas nada de conseguir um prestador de serviços disponível e eficiente. Eis que, quando já quase não havia mais esperança, um brutinho alto, magro, rosto anguloso e sorriso de derreter qualquer dona de circo vem semi-sorrindo decidido em minha direção. Pensei "Opa, será que minha sorte vai virar?". Humpf.

- Fala pra sua amiga que ela é a mulher mais bonita da parada - e, dizendo isso, saiu correndo da pista.

A mulher mais bonita da parada? Que parada, de 7 de setembro? Ah, a desta noite? Por que então ele não disse "Sua amiga é a mulher mais bonita da noite"? Ou "...a mais daqui"? Pois é... Mas.... peraí! Pra que me dizer isso, por que não disse para própria? E sair correndo depois? 

Rindo, chamei amiga F.K.  
- F., o bonitinho pediu pra te dizer que vc é a mulher mais bonita da parada.
- Idiota, e por que não disse pra mim?
- Porque homem é tudo palhaço!

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