Palhaço de pochete
Ainda é possível ver essa cena. E pior: fora dos departamentos de informática e empresas de análise de sistema.
Mas eu vi. E era sábado. De sol. E o cara saiu de casa, meteu uma blusinha de alça, suvacão de fora, bermudão, meia e tênis. E não se achando suficientemente ridículo, meteu uma pochete.
É. Isso mesmo. Uma pochete!!!!
Primeira regra: quem vê pochete, não vê pau. Meninos, vocês deviam saber disso.
Segunda regra: vestido assim, não pense que você pode olhar para mulheres com ares de galã.
Pois bem. Nosso palhaço da pochete nos mandou uma cerveja. Era o dono absoluto do balcão. Lembro que quando encostei lá para pegar uns pastéis, ele mandou aquele olhar dos pés a cabeça e deu aquela coçadinha no saco. Fingi que não vi. Mas sinceramente, fico pensando se ele acha isso de fato atraente para qualquer coisa que respire.
Voltei pra minha mesinha e passado um tempo o pobre garçom se aproximou do grupo e disse:
- Aquele moço mandou e tá paga - já colocando a cerveja na minha frente.
Pois a garrafa nem chegou a encostar na mesa. Quando nós olhamos, o menino pochete se empinou todo, levou a mão a testa e fez assim ... uma saudação ... com um leve sorriso ... piscou o olho.
Ok. Eu só conseguia olhar pra pochete, mas ainda deu pra ver a piscadela de olho.
- Diz pra ele que nós agradecemos, mas nossa cerveja ainda tá cheia - mandei logo.
O garçom, pobre, ficou naquele impasse. Fez que foi, não foi, mas acabou voltando.
O bruto da pochete?
Fez bico!!!
Virou de costas.
Mas depois atravessou a rua, entrou no carro, encarou e mandou lá de dentro:
- Como você se atreve a recusar a minha cerveja!
Tá boa, santa? A biba-pocheteira ficou braba. Ignorei. Aí o sem-loção se mandou.
Eu mereço?
quarta-feira, 23 de março de 2005
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