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segunda-feira, 23 de junho de 2003

Palhaço Amarelão
Tempos de faculdade. Eu e uma amiga cantávamos em coro “V'ambora”, da Calcanhotto. Um palhaço, digo, um colega, viu nisso um quê de lesbianismo e insinuou que eu e ela tínhamos um caso.

– Ih, vocês duas... Sei não...

O engraçado foi que tivemos a mesma reação: constranger o bruto e não, defendermo-nos da calúnia.

Eu sentei do lado dele e languidamente falei:

– É, mas a gente anda tão sozinha... Você não quer se entrar na nossa brincadeira, não?

E minha amiga, que já estava do outro lado dele, também sussurrava ao seu ouvido:

– É! Não quer, não? Você bem que podia...

O palhaço ficou branco! Seu sorriso sarcástico e debochado murchou em dois tempos e ele mal conseguiu gaguejar:

– Pô, gente, que isso... Tava só brincando...

Nós também, palhaço. A gente sabia que, mesmo que quiséssemos, você não ia topar.

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