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segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Mundo cruel
Fernanda vai direto pro céu. Ela é uma boa menina e dá atenção a qualquer um que chegue pra falar com ela na night. O cara pode usar pochete, ser vesgo, ter espinha, dente torto e cêce que Fernanda põe seu melhor sorriso, revira os olhinhos e explica pausadamente que não vai ficar com ele nem por um caralho de ouro cravejado de brilhantes. Tudo na maior delicadeza pra não magoar o rapaz.

Fernanda diz que faz isso porque tem pena dos caras. Ela acha que eles já têm a "obrigação" de chegar junto, então, manera no fora porque compreende como deve ser difícil estar na situação deles.

Eu quero que eles se foooooooooooodam! Que tomem muuuuuuuuuuuitos tocos! Se eles ficam com a parte chata do processo de conquista, eu não tenho nada com isso. Não fui eu que inventei essa "regra de conduta". Além do mais, pago muito mais caro por viver nesse mundo machista. Fazer a "dança do acasalamento" é muito mais simples que ter que aturar roçada indesejada no metrô cheio, ouvir baixaria de desconhecido na rua, ganhar menos e ralar mais, não poder abortar, apanhar de marido e pai, ser estuprada e quando vai à delegacia escutar: "mas o que você fez pra ele te bater?" ou "que roupa você estava usando?", como se a mulher sempre "desse motivo" pra apanhar ou ser estuprada. Levar toco é pouco.

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