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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Eu, leitora e empresária circense

Contribuição da leitora J.A., variação do manjado número do palhaço casado. Lembrei que quando eu era casada, tinha um palhaço no prédio que dava em cima de mim direto. Ele bonitão, solteiro e relativamente amigo do meu palhaço-marido. Volta e meia eu chegava em casa e encontrava os dois conversando na portaria ou na garagem. Homem é tudo palhaço e o mundo é estranho. Claro que eu nem peguei nem contei pro meu ex-bofe.


Vizinho Palhaço

Mudei há dois meses para um novo prédio. Logo nos primeiros dias, cruzei com um vizinho gatinho na portaria. Nos encontramos outras vezes (corredores, elevador, portaria, caixa de correio) e sempre nos cumprimentávamos e conversávamos amenidades (será que vai chover? E o Flamengo, hein?). Até que um dia, uma sexta-feira, ele tomou a iniciativa e perguntou:

- Vai fazer o que hoje?
- Nada
- A gente podia sair, tomar um chope. Topa?
- Claro!
- A gente se encontra às 21h, aqui em baixo.
– OK.

Desmarquei um chope com uma amiga com a perspectiva de uma noite quente depois de um período de secura. Me arrumei e encontrei o gatinho na portaria. Dois beijinhos, entrei no carro dele e fomos descendo a rua. Papo vai, papo vem e começou a desgraça:

- Queria te falar uma coisa.
- Fala (PQP, vai dizer que é viado).
- É que sou casado.
- O QUE??
- Pô, mas não tem nada a ver...
- Peraí, você está me dizendo que é casado, que mora no mesmo prédio que eu com a sua esposa?
- É, mas não tem nada a ver...
- Acho melhor a gente voltar pra casa.
- Por isso que eu não queria te contar, sabia que você ia reagir assim.
- Você é casado, queria que eu reagisse como? Vamos voltar.
- Mas a gente não pode tomar um chope, se conhecer melhor...
- Não. Não vejo porquê a gente se conhecer melhor.
- Você está sendo muito radical.
Nesse momento, paramos em um sinal fechado. Tirei o cinto de segurança, abri a porta e voltei andando para casa.

O cara me expôs me dando mole na frente do porteiro e me fazendo entrar no carro na garagem do prédio em que ele mora com a mulher, e acha que sou muito radical. E se a mulher dele nos visse? E se alguém comentasse com ela? Eu, que nem sabia que ele era casado, corria o risco de tomar umas porradas. Se soubesse desde o início que ele era casado, não tinha nem dado bom dia.

Agora, estou doida para encontrá-lo no elevador com a digníssima esposa só para falar "sabia que já peguei um cara casado que mora nesse prédio" e vê-lo se cagar de medo de ser desmascarado.

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