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sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Palhaço velho
Outro dia peguei um ônibus pra Uerj e uma senhora loura sentou ao meu lado. Ela me perguntou se passava em uma rua de Vila Isabel. Eu não conhecia a rua, acho que passava perto. Começamos a conversar, gosto de fazer amizade em coletivos, vocês sabem...

Ela tava indo ver um apartamento pra alugar, pois estava temporariamente aboletada na casa de uma das filhas. Era uma senhora loura, bem cuidada, maquiada, arrumadinha com roupas joviais. Era simpática e bem informada. A história era bizarra e, é claro, fiz questão de saber detalhes.

Era viúva e ficou morando sozinha desde que as filhas casaram. Ela me contou que gostava de ir à praia, tomar chope com as amigas, ir ao cinema. Aí numa festa conheceu um "coroa enxuto" (palavras da própria). Começaram a namorar e passeavam bastante. Depois de alguns meses ele a convidou para morarem juntos e ela, boba, se desfez do apartamento onde morava sozinha.

Número corriqueiro até entre jovens palhaços, depois que "casaram" o palhaço velho mudou. Não queria mais ir a lugar algum, reclamava que ela não gostava de cozinhar, que não gostava de ser dona de casa, que só queria ir ao samba e à praia, que gostava de beber cerveja todo dia.
Ora essa, mas não foi assim que ele a conheceu? Bebendo em um convescote? Qual a surpresa? Durante o namoro tb não era assim, não saíam juntos, jantavam fora, iam a pagodes e festas?

Fiquei indignada. Como ela gostava dele e queria um companheiro, resolveu aceitar sair menos. Passaram a sair só nos fins de semana, mas logo se sentindo o Rei do Circo, o porco velho começou a querer ficar em casa até aos sábados.

Quem já viveu um relacionamento opressor sabe como é. Demora pra cair a ficha, a gente vai ficando triste, deprimida, perde a vontade de fazer as coisas, não fala o que devia pra evitar brigas e assim vai levando, deixando de viver. A situação chegou a um ponto que o palhaço velho ciumento não queria que ela fosse a lugar algum e não deixava que ela recebesse as amigas em casa. A senhora continuou contando e começou a chorar.

O espetáculo final
Eis que um dia ela estava vendo televisão e ele deu um chilique com ciúmes do Programa do Faustão! Começou a gritar e bateu nela, dizendo que ela o trocava pela televisão. Jogou as roupas da coitada pela janela gritando "não moro com piranha". Ela desceu, catou as roupas na rua e foi pra casa da filha. No dia seguinte as duas filhas foram lá bsucar as coisas dela.

Claro, agora ele ficava todos os dias na portaria do prédio chorando desculpas e pedindo pra ela voltar. Espetáculo manjado e sem graça.

1 comentários:

Eliane Martins disse...

se eu tivesse q contar algo, diria q algo mt parecido esta acontecendo cmg