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quarta-feira, 28 de abril de 2004

Palhaço Rodoviário
Hj de manhã peguei um ônibus com um motorista daqueles q tagarelam o tempo todo. Não bastasse ele quase não ter parado no ponto e me feito correr pra alcançar o coletivo, o bruto foi a viagem inteira discorrendo sobre seus talentos circenses.

Um outro colega de selviço, sentado no Jesus tá me chamando, ia rindo e concordando com cada imbecilidade proferida. E eu q queria aproveitar o tempo gasto no trajeto pra ler....

Prática comum entre palhaços demitidos do circo, ele se orgulhava em contar como usava o filho pra atingir a ex-mulher. Se achava espertão.

Aos berros, disse q o filho não gosta de frango, achou aquilo um acinte: se ele come frango, pq o próprio filho não come? O menino tava passando o final de semana com ele, com quase toda criança, pediu iogurte. Segundo narrou pro coletivo todo, falou pro filho q não tinha iogurte em casa e o chamou pra irem na rua comprar. Qndo saíram parou num 'quiosque' e pediu um churrasquinho de frango. O menino choramingou q a mãe não o obrigava a comer frango, q na casa deles nunca era servido frango, pq o Pedro tb não gosta. Pedro era o padrasto no garoto. Pronto.

– Fiquei puto. Mandei ele ise acostumar pq ainda ia comer muito frango na vida. Avisei q se fizesse queixa eu ia dar porrada nele e no Pedro. Boto a pistola na cabeça dele e obrigo a comer um prato de frango.

Q prodígio de psicologia infantil! Q maneira inteligente de se educar uma criança!

O palhaço interlocutor adorou e riu junto. Não satisfeito, o palhaço motorista ainda contou q outro dia o garoto disse q não gostava de feijão com macarrão e apanhou até comer um pratão. Fechou com a pérola "ele tem q comer o q eu quero q ele coma, não o q quer comer. A mãe vai ficar puta comigo.".
Ainda bem q chegou meu ponto.

1 comentários:

Fex disse...

Por essas e outras que, quando alguém fala mal dos filhos quando vêem os velhinhos abandonados nos asilos, eu sempre penso que prefiro ouvir as duas versões antes de emitir algum julgamento.

Porque, pra quem tá de fora, é fácil julgar o "desnaturado"... mas quem teve que aturar essas babaquice a vida inteira foi o moleque.