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quarta-feira, 12 de março de 2008

Eu, leitora e empresária circense: rodada tripla

Essa semana revolvi fazer uma rodada tripa de relatos das leitoras. O primeiro espetáculo é o do Palhaço Possessivo, um clássico na matinê do circo. Outro dia a filha adolescente de uma amiga terminou o namoro e o palhacinho possessivo deu um chilique e mordeu (!) o rosto da moça. Êita, é exatamente assim que se reconquista uma namorada. Espetáculo sem graça nenhuma.

Eu mesma já empreguei um desses no meu circo. Obviamente, eu era quase tão novinha quanto a leitora, tinha uns 17, 18 anos e ele era dois anos mais velho do que eu. Hoje em dia estão cada vez mais raras as vagas pra esse tipo de artista circense, de tão tosco, acabou se tornando especialidade de palhaços em início de carreira. Mas sabe como é, sempre há profissionais que não se qualificam e continuam apresentando esse número chinfrim e manjado.

Lembro uma vez que fomos numa viagem com um grupo de amigos (dele). Uns cinco casais num sítio na serra. Mal chegamos, ele começou com as palhaçadas, chiliques e grosserias. Tentei ignorar e fui dormir. De madrugada, levantei pra beber água e o dono da casa tava na cozinha com a namorada fazendo chocolate quente. Me chamaram pra ficar um pouco com eles. Apesar de não tocarem no assunto, obviamente tinham ficado constrangidos com a situação que o palhaço armou. Fiquei lá conversando, tomei uma xícara de chocolate e talz. Quando voltei pro quarto o circo tava armado. O palhaço namorado deu um chilique maior ainda dizendo que eu tinha saído porque tinha marcado um encontro com o Fulano, amigo dele e nosso anfitrião, que eu tinha ido transar com ele na copa. Aloou!

Foi um custo pra me livrar desse palhaço, armou muuuito espetáculo sem graça.

Nem vou entrar na discussão de, se ele não confiava em mim, por que namorava comigo. Sabe como é, porquê é coisa que não existe e éramos pós-adolescentes: todos temos merda na cabeça nessa época. O negócio é quando os anos vão passando e o palhaço não aprende outro número. Talvez por isso, tenho horror ao Número do Palhaço Possessivo.


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O palhacinho em questão é meu ex-namorado, que mora a 600 km da minha cidade. Eu tinha uns 15 anos quando o conheci através de amigos, conversas de MSN. Depois de um tempo, aquela emoção louca, decidimos namorar. Foram viagens e viagens. Amores e amores. Mas não demorou muito pro espetáculo começar. Luzes no picadeiro. O palhaço obsessivo, ciumento e carente vai entrar em cena.

Eu passava o dia inteiro no MSN conversando com o tal, aquela coisa, até que vi que também tinha que viver a minha vida, sair com as minhas amigas e pelo menos jantar na mesa de casa ao invés de sentar na frente do computador. Ele não gostou muito e começou a grosseria. Como eu era novinha e não tava a fim de agüentar os chiliques do gatinho, decidi por um ponto final na história. Faça-me o favor né?!

Aí começou a sessão "reconquista". Ele ligava, chorava, implorava. Dizia que tudo ia mudar. Tudo bem, vamos lá dar mais uma chance (a bola de cristal realmente deveria existir e funcionar). Começamos tudo de novo, com os pingos nos is mas, como é claro e óbvio, nada deu certo. Depois de um tempo, ele deve ter esquecido da parte do 'mudar' e começou a ficar mais possessivo ainda. Pra ir à padaria eu tinha que ir no MSN e dizer: "fofinho, estou indo na padaria. daqui 10 minutos volto, tá? pode?". E ai de mim se chegasse um minuto atrasada, o motivo de desconfiança era enorme.

Mas considerando que estava totalmente apaixonada e já tinha todo aquele envolvimento com a família e os problemas dele (eu adorava a família dele. Já a minha não suportava aquele adolescente rebelde, mas engolia porque adolescente é tudo birrento, recuse-se a atender um pedido e verá o que eles são capazes de fazer), então decidi agüentar.

Em uma dessas viagens pra lá, ele vendo que tudo estava realmente uma palhaçada decidiu que era bom nós darmos um passo mais sério no namoro. A palhaçada da primeira vez. Noooossa, tudo lindo, tudo perfeito, troca de alianças prometendo Deus e o mundo. Aquele chororó e eu lá pensando: “Meu Deus é assim mesmo?". Traumatizante, mas vamos que vamos. Depois dá pra se prever que tudo piorou e as palhaçadas aumentaram. Claro, palhaço com carteira assinada e estabilidade no emprego se torna mais criativo ainda nos espetáculos. Descobria números de meninas no celular dele, conversinhas com menininhas mais novas no MSN e blá-blá-blá.

Quando brigávamos ele ligava pra minha casa xingava toda a minha família. Se dissessem que eu não queria atender, ele falava pra minha mãe que eu gostava mais dele do que de todo mundo, que isso que aquilo. Declarava guerra às minhas amigas. Enfim, ele se achava "o dono do circo". Resolvi por um ponto final de vez. Não dava certo e eu tava de saco cheio daquela babaquice toda. Terminei.

Nooossa, um trauma pro palhacinho. Ficava doente, chorava, ia se consolar com as amiguinhas... até aí eu tava: "dane-se, prisioneira não quero ser". Mesmo gostando dele eu sabia que tinha tomado a decisão certa. No carnaval o tal me liga pra contar que "pegou" a criança (a do MSN, de 13 anos) e que ela consolava ele e talz por isso ele tinha ficado com ela. Ótimo, que ficasse com ela e não me desse explicação nenhuma, porque eu não queria saber da vida dele.

Vamos que vamos que eu acabei na pegação com um menino gente boa, divertido e fui então viver a minha vida. Em intervalos de meses o palhacinho ligava pra me lembrar que eu era culpada da vida dele ser um inferno, que ele estava com a menininha por aparência, que só eu poderia tirá-lo daquela situação e blá blá. Xingava, xingava, depois chorava, dizia que ainda me amava e que eu TINHA QUE VOLTAR com ele ou a minha vida seria um cocô pra não falar pior. Coloquei os pingos nos is de todos os jeitos possíveis. Com calma ou estressada.

O palhacinho sumiu de vez, pensei: Bingo, até que enfim. Depois de um ano, quando já nem lembrava mais do dito cujo, ele vendo a minha felicidade, decidiu se vingar (não sei o motivo já que ele estava namorando deveria então seguir a vida dele).

Hoje em dia ele é capaz de criar fotologs no meu nome, e-mails e mandar pros meus amigos dizendo: "Não acredito que ela tá fazendo isso. Ela tá querendo voltar. Certeza que é porque terminei com fulana. Ela tá me fazendo chorar todas as noites. Tá judiando de mim". Oh, judiação...

A.B.E.

1 comentários:

Ana Cláudia disse...

Crendeuspai!!
O caso do palhaço mordedor, pra mim, já é de chamar a polícia. Ou então a carrocinha...