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segunda-feira, 12 de agosto de 2002

Palhaço turista

Falando em palhaço interestadual, lembrei um que cruzou meu caminho. A ele, cabe melhor a categoria de palhaço turista porque era ele quem estava de visita ao Rio e não ao contrário.

Ele é primo de uma amiga e tinha vindo com a família passar o final do ano de 2001 no Rio.

Saímos antes do Natal e acabamos ficando. Apesar daquele sotaque chatinho e aquele ar de caipira que eu acho que qualquer homem que não seja do Rio tem, ele servia para as férias, mandava bem.

Marcamos de sair pela segunda vez e fomos eu, ele, o irmão e minha amiga. Eles vieram me buscar e, assim que entrei no carro, o palhacinho já veio cheio de graça pra cima de mim.

Como já estava meio bebinho, foi deitado no meu colo, mordendo meu joelho. De vez em quando, levantava e ficava prestando atenção ao caminho, como que para aprendê-lo. Pensei, com meu coraçãozinho já cheio de maldade:

– U-hu! Vai ter cerol! Ele vai deixar o irmão e a prima em casa e vamos pro motel!

Chegamos na boate e ele pediu uma caipirinha. Me abraçava, alisava, beijava.

Pediu outra e... sumiu!

Sim, o palhaço sumiu dentro da boate!

Eu fiquei muuuuuuuuuuuuito puta. E quando eu fico puta, não consigo disfarçar, minha cara muda. Claro que o irmão do palhaço percebeu e foi procurar o idiota.

Não o achou e achou de sumir também.

Conclusão: ficamos eu e minha amiga sem saber o que tinha acontecido aos dois e tivemos que permanecer perto da mesa onde estávamos, sem curtir a boate, porque um dos dois bêbados podia voltar.

Nosso maior medo era de que o palhaço fosse embora (ele estava com a chave do carro e muito bêbado) e acabasse batendo com o carro. Ainda havia a possibilidade de arrumar uma briga, já que estava todo “machinho”.

Minha vontade era ir embora logo, mas não podia deixar minha amiga sozinha. Sabe-se lá o estado como eles voltariam? Sabe-se lá se eles voltariam?

Quando eles voltaram, ainda ficaram dançando perto da gente como se nada tivesse acontecido. O palhaço tentou me puxar pra dançar e eu berrava no seu ouvido:

– Tá pensado que eu sou palhaçaaaaaaaaaaaaaa???????

A gota d’água foi quando o irmão do palhaço quis puxar papo com uma mulher e apresentou o palhaço pra amiga dela. Quando eu vi aquele idiota bêbado dando dois beijinhos na mulher, virei as costas e fui embora.

Minha amiga me seguiu, mas não conseguiu me impedir de sair da boate. Voltei pra casa de taxi, quase quicando de ódio.

Quando souberam que eu fui embora, eles ficaram meio sem graça, vendo a merda que tinha feito (sim, porque o irmão não tinha nada que ter puxado o palhaço pra apresentá-lo a outra mulher na minha cara, embora o palhaço tivesse dito depois que jamais ficaria com ela na minha frente – mesmo bêbado. Tá bom...E eu vou pagar pra ver???).

Aí eu pergunto: Se o cara não tinha a intenção de me beijar na boca, se ele queria curtir a boate, por que foi de graça comigo já no carro? Era só não ter se aproximado que eu entenderia o recado. Agora, não dá é pra morder meu joelho e depois sumir na boate!

Se ele queria curtir a noite, eu também queria e podia ter feito isso, não fosse ele ter me bolinado e sumido!

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