Palhaço questionador
A cena é comum: sábado, 6h da manhã, ponto de ônibus na Rua Voluntários da Pátria. Eu e um bruto semi-alcoolizado sentados no meio-fio conversando.
Pq vc gosta de mim?
- Não sei. Vi e gostei. Só isso.
- Mas vc não me conhece!
- Eu sei, mas não disse q quero casar com vc, nem sequer q quero namorar. Só q me sinto atraída por vc, não tem explicação.
- Mas eu uso camisa de viscose.
- Não tem problema. Não faz diferença.
- Mas eu gosto de bolero.
- Azar o seu, mas pra mim não muda nada. Namorei quase 2 anos com um cara q adorava boleros.
- Eu gosto de andar.
- Problema seu, eu detesto, mas isso não muda nada.
- Vc não me conhece.
- Eu sei, pode ser q conhecendo eu te ache um chato, um babaca e não queira mais nada com vc. Ou pode ser q me apaixone de vez. Pode ser qq coisa. Vc pode chamar de atração, tara, tesão, só sei q desde q te vi pela primeira vez quis te beijar na boca.
- Me sinto honrado, mas isso é muito doido.
- E vc não quer mais ficar comigo?
- Melhor a gente ser amigo.
Então tá, se é assim q ele quer, assim vai ser. Seremos apenas amigos. Mas independente disso, querido, vê se aprende q 'porquê' é coisa q não existe, principalmente em se tratando de negócios de beijo na boca. Que o mundo era estranho eu já sabia há muito tempo, mas minha amiga Nara Franco me ensinou a não procurar 'porquês': "Roberta, pára de show, aprende q porquê não existe e vc vai ser mais feliz!". Aprendi. Agora já sei q o mundo é estranho e as coisas acontecem sem motivo.
Ele diz q é esquisito eu gostar dele. Eu não disse q queria namorar, casar, procriar. Nunca expressei intenção de nenhum compromisso. Nem sequer avisei q esperava q ele me ligasse no dia seguinte, afinal já ficamos 2x e ele nunca me ligou. Só confirmei, e isso ele já sabia, q queria beijá-lo na boca, q me sentia atraída por ele. Simples assim, fácil assim.
sexta-feira, 22 de novembro de 2002
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