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quarta-feira, 21 de junho de 2006

A novela prossegue, capítulo 2: O Palhaço desditoso
Essa foi mais uma das histórias que ouvi no bar com as meninas e que tinha prometido contar como novelinha. Sorry, amigos, é que tive uns dias de bode sem vontade de escrever, mas agora vai.

Essa foi protagonizada pela moça que atribuiu as palhaçadas por mim narradas à pouca idade dos artistas circenses. Comprovando que palhaçada não idade, a própria conrou essa reconhecendo que o protagonista devia ter uns 40 anos.

Certo dia ela tava meio atribulada e resolveu pensar na vida olhando o mar. Apesar de ter um compromisso para o almoço, para ter paz e tranquilidade foi para o fim da praia do Recreio, em um trecho bem deserto. Olhou em volta e praticamente não havia ninguém: apenas um cara sentado bem longe, provavelmente na mesma situação que ela, imaginou. Hupmf.

Sentou em sua cadeira e ficou lá, pensando e olhando as ondas, a imensidão azul do céu, sentindo os pés na areia fria. Eis que, de repente e sem ser solicitado, o bruto que tava lá longe se corporificou ao seu lado. "Oi, você não quer bater um papo com um cara chato?". Uau, mas que proposta, hein? Ela ficou olhando o bruto meio sem acreditar que aquilo estava acontecendo.

Segundo o relato da moça, o cara até que era bonitão, bem apessoado, corpo bem cuidado, cabelos chamrmosamente grisalhos e talz. Sabe como é o ditado, né? "Por fora bela viola, por dentro pão bolorento". Ele foi perseverante na falta de noção. "É que éu tavo sozinho, vi você aqui sozinho e pensei que podíamos nos conhecer".

Bom, a resposta que acho que ele merecia era "É Pedro Bó, eu dirigi até aqui só pra ver se conhecia um chato. Porra, se eu tivesse querendo gente por perto teria ido pro Posto 9, não teria vindo pra cá, né?"

Não sei se o instinto profissional falou mais alto (ela é psicóloga) ou se ela é gente boa demais, mas o fato é que ao invés de mandar o malandro ir dar meia hora de bunda, ela deixou o palhaço vender seu peixe, quer dizer, apresentar seu espetáculo. Em poucos minutos de conversa ele desfiou um rosário de desgraças que ela nunca ouvido nem dos pacientes que freqüentam seu divã. Confessou que era soropositivo, tinha hepatite B e C, tinha sido largado pela mulher, tinha sido aposentado devido às doenças, tava falido, com a casa caindo literalmente caindo aos pedaços e praticamente não tinha dinheiro nem para comer.

– Olha tá na hora de eu ir embora, meus amigos estão me esperando para almoçar. Eu te aconselho procurar um profissional, um psicólogo ou terapeuta que vai estar sendo pago pra te ouvir. Querido, com essa abordagem, assim logo de cara, você assusta as pessoas!

Generosa ela, não?

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