Palhaço O mundo é estranho
Sexta-feira dessas, roda de samba dessas, tô eu atracada com um palhaço. Não era grandes coisas de palhaço, mas no momento era o que havia. Minha amiga Glorinha tinha dado mais sorte e tava com um mais portentoso. Entre um samba e uma cervejota, um grande amigo meu liga avisando que ia passar lá pra me dar um beijo. Amigo querido e amado, uma biba tchutchuca linda. Claro que, assim que ele chegou eu e Glorinha largamos nossos palhacinhos e corremos pra nos pendurar no pescoço dele. Bêbadas, dissemos vários "eu te amo, saudade, meu amor, meu lindo, meu tchutchuco" pro meu amigo. Quando largamos ele e voltei o palhacinho que tava comigo deu uma risadinha de deboche. "Não é viado ele não, né? Hehehe". Ah, palhaço!
– É viado sim, ele é viado sim, mas nunca negou nem tem problema com isso. Quem tem problema em ser viado é você.
Silêncio.
Não sei toquei o coração do palhaço ou se a carapuça serviu, mas ele correu e abraçou meu amigo, como se amigo de infância fosse. Não largava. Meu amigo apavorado, me olhava por cima do ombro do palhaço como quem diz "Socorro, me salva! Ele nem é meu tipo!". Fui obrigada a intervir e meu amigo saiu correndo com medo do palhaço abraçador.
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