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sábado, 24 de março de 2007

Palhaço Tártaro Mongol

Sempre me disseram que eu tenho voz de criança ao telefone. O Palhaço Leitor Pangaré, aliás, concorda. No meu aniversário, um outro leitor, palhacinho gentil, me ligou pra dar parabéns e disse que eu tinha voz de sereia. Então tá. Agora, voz escorregadia, seja lá o que isso for, foi a primeira vez que disseram que eu tenho.

Tô eu toda enrolada no trabalho quando toca o telefone.
– Comunicação.
– Roberta, essa tua voz escorregadia me deixa excitado. Você fica falando e eu fico imaginando a gente transando e você falando no meu ouvido com essa voz.
– Imagina, imagina mesmo, porque só na imaginação.

Era um amigo meu, que foi meu primeiro chefe depois de formada, querendo alguma coisa coisa boba, mas não ia perder a chance de ser pândego. Em outra ocasião eu atendi o telefone e ele disse alguma outra bobagem. Perguntei "Quem tá falando?"

– Teu homem.
– Humpf. Qual deles?
– O que te dá mais prazer.
– Fala Marcão!
Claro que ele não se chama Marcão e esbravejou "Mulher infiel!".

Recentemente ele pegou o hábito de espalhar que é meu marido. Só que de uns tempos pra cá tá cortejando minha amiga Glorinha. Diz que já que não honro nosso casamento vai me trocar por ela. Eu já disse que o libero do compromisso. Antes do carnaval nos encontramos na rua, eu e ela indo para o bloco da imprensa, ele saindo do plantão, todo suado. "Tô indo à pé pra casa porque não tenho dinheiro pra passagem". Puxa vida, era examente o que Glorinha ansiava ouvir de um pretendente.

Perseverante na falta de noção, ele ligou pra ela no fim de semana seguinte e chamou pra sair. Carnaval comendo solto na rua, dezenas de blocos. Chopinho? Praia? Bloco? Nããããao. Ele convidou a moça pra ir ao Maracanã assistir ao jogo do Botafogo. Novamente, era examente o que Glorinha queria ouvir. Eu, amiga generosa, já avisei que abro mão do pretender numa boa, que ela pode ficar com ele todinho pra ela.

Mas peraí, Roberta, por que Palhaço Tártaro Mongol? Não me pergunte por que, mas ele se auto-intitula "O Tártaro Mongol". Outrora ele se adjetivava como Manilha, em suposta alusão ao seu órgão sexual. Quando a gente trabalhava junto de vez em quando ele suspirava alto na redação. A gente olhava e perguntava "Que foi?".

– Não agüento mais carregar esse peso.
– Que peso?!
Ele fazia cara de resignação e apontava para o pau.

Tudo bem, ele é meu amigo e é mais maluco seqüelado do que outra coisa, mas que é um manancial de espetáculos circenses....é.

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