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segunda-feira, 22 de dezembro de 2003

Capítulo V - Bodão recebe o santo
Largados à própria sorte, estávamos os três – eu, minha amiga, e Bodão – sem ter muito o quê fazer na noite de Ano Novo. Ficamos na praia de Geribá, uma multidão de gente de um lado para o outro, camelôs de bebidas, músicas variadas vindas dos alto-falantes dos carros e nada mais. Uma boa merda. Não tinha fogos, não tinha show, um aglomerado totalmente sem sentido. Mas eis que foi naquela ocasião, na virada de 1992, que eu acabei descobrindo o mistério do Bodão. E da maneira mais insólita possível.
Pelo que eu conhecia do palhaço, jurava que fosse católico tradicional, mas não é que Bodão era também um macumbeiro enrustido? Com as energias dos santos soltas no reveillon, baixou um espírito no Bodão. Sim, minha gente, ele recebeu um Crispim, um espírito de criança. E o Crispim era chato que nem ele, descia e voltava toda hora! Minha amiga que era mais chegada em ocultismo trocou uma idéia com o santo infantil. E foi ele que nos revelou a grande mágoa que a mãe do Bodão tinha: ele ainda não tinha concluído o segundo grau e estava fazendo supletivo! Era isso que ele fazia em Niterói, mas envergonhado escondia de todos. Afinal, o sonho da mãe dele era que o filho tivesse se formado no Colégio Militar.


E amanhã, o fim da viagem e da história de Bodão

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