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sexta-feira, 5 de dezembro de 2003

Eu e os palhaços de coletivo

Ô saga. Parecem me perseguir.

Dia desses eu estava no ônibus, a caminho do trabalho, sofrendo naquele trânsito lento de Copacabana, observando aquele tapete de ônibus deixando tudo ainda mais caótico. Resumindo: estava sofrendo aquele horror cotidiano do trânsito carioca.

Mas lá estava eu, coletivo vazio, eu lá pensando na vida ... eis que entra o malandro, fazendo barulho, roupa esfarrapa, aquele típico pedreiro de obra. Mas pedreiro de obra pequena, obra de casa. Ele senta do lado esquerdo do ônibus, se ajeita e se aquieta.

A passos de cágado avançamos pela Avenida Nossa Senhora de Copacana. Ali na altura do Lido, tudo parado. Uma mulher, nos seus 30 e poucos anos, meio gordinha, cafona toda vida, passa pela minha janela em direção à praça. O malandro, que estava do outro lado do coletivo, não sei como, viu a mulher, pulou de um banco para outro, abriu a janela, botou metade do corpo para fora e começou .. "gostosa .. coisa linda .. vai pra onde? .. olha pra mim, gostosa ..."

Ficamos nisso o que ... deixe-me ver .. uns 10 minutos ... "Gostosa, aqui .. olha pra mim .. psiu .. ô coisa linda .. vem aqui .." Blá, blá, blá .. chato pra caralho.

Bem ... tirando a visão de raio-x e a agilidade digna de um homem-mola, nosso amigo peão de obra é um mago, sei lá. Como diabos ele viu a mulher ainda me parece um mistério. Agora, o que dizer de alguém que sai de um lado do coletivo para atazanar um outro alguém que está na rua, do outro lado do veículo, andando calmamente rumo a sei lá onde.

Esses gritinhos de gostosa ou coisa que valham são o que de mais chato há na categoria vamos-fazer-palhaçada.

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