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quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Palhaço Espeleólogo

Outro dia eu e Ana Paula fomos na festa de aniversário de um amigo nosso. Havia mais homens que mulheres no local, o que já era um bom presságio. Falamos com os amigos e conhecidos, pegamos cervejotas e ficamos batendo papo em um canto esperando a música melhorar pra dançarmos.

A festa foi enchendo e ouvi um "oi, dá licença" educado atrás de mim. No lugar de tocar no meu braço, como normalmente todo mundo faz, o rapaz passou a mão na minha nuca. Dei um passo pro lado e olhei. Ui! Era um tchutchuquinho! Todo branquinho, cabelo castanho claro, um pouco mais alto que eu, todo bem acabadinho, traje normal pra ocasião. Exatamente um desses que ando precisando lá em casa! Vem cá, neném! Volta aqui! Quem disse que você pode alisar minha nuca assim impunemente? O babe já tinha passado rumo ao bar. Ainda era cedo e resolvi deixar a festa e o palhacinho seguirem.

Mais tarde, muitas músicas e cervejas depois, estou parada perto do bar conversando com outros amigos e o mesmo gatinho passa de novo. Quer dizer, ele ia entrar no bar, mas quando me viu parou e sorriu. Ai, que lindinho! Sorri de volta e ele veio falar comigo.

– Qual seu nome?
– Roberta, e o seu?
– Não importa meu nome, tudo que importa hoje é você.
– Hmmm, me diz seu nominho -
já passando a legenda "Craudicrei" na minha cabeça.
– Bom, não faz diferença se meu nome é Fulano, Beltrano ou Cicrano, que é meu nome realmente. Meu nome hoje é "A Roberta é linda".

Bom, a tentativa de ser galante não foi de todo mau e o nominho dele não era Craudicrei.

– Hmmm...entendi. Bonito nome. E você é amigo de qual dos aniversariantes?
– De nenhum.
– Ué, como você veio parar nessa festa?
– Vim aqui pra te conhecer. Você é linda e eu precisava te conhecer.
– Ah, tá! Entendi.
– Isso, não conheço ninguém aqui além de você e é tudo que eu preciso. Só vim aqui pra te conhecer porque você é linda.


Nisso uma amiga minha passa e cochicha no meu ouvido "não pega não que ele é retardado". Ah, uma coisinha daquelas não precisa saber muito mais do que assinar o nominho. E, pros meus padrões, ele estava mostrando uma vasta cultura.

Já que távamos nos entendendo tão bem chegamos pra um canto pra conversar melhor. Olha, esse menino sabe conversar, sabe? Que léxico! Todo lindinho, todo bom e bom palestrante! Quanto mais conversávamos, mais ele mostrava que tinha lido o meu manual inteirinho.

Ficamos lá no nosso canto, gastando nosso palavreado, quando ele me pergunta minha idade. "35", respondi.
– Puxa, então isso quer dizer que vou ficar oito anos viúvo?
– Hein?
– Você é oito anos mais velha que eu. É provável que você morra oito anos antes de mim. Como vamos nos casar e viver a vida toda juntos você vai me deixar sozinho. Ah, não, não vou sobreviver.


Menos, babe. Beija que você faz melhor. Continuamos nosso diálogo tão eloqüente. Papo vai, papo vem e sei lá por qual motivo ou graça, távamos rindo juntos. Então eis que, de repente, sem mais nem menos ele veio com a mão na direção do meu rosto e... tentou enfiar o dedo no meu nariz! Sim, respeitável público, ele tentou enfiar o dedo indicador da mão direita no buraco direito do meu nariz. Eu dei um tapa na mão do bruto. Ele riu e tentou mais duas vezes. "Pára, porra!". Ele parou e ficou rindo. Ainda queria continuar parolando, mas o assunto mixou. Alguém merece?

1 comentários:

Hadassah disse...

Para o mundo q eu quero descer...